O que Construíram para Mim Não Carrego Mais

11:12 3 Comments A+ a-

Creio que assim como eu, você já deve ter ouvido várias histórias a seu respeito
Durante um tempo e pela pouca maturidade eu acreditei nas versões que diziam de mim. Não tinha construído uma personalidade forte o suficiente ainda, para entender que eu não deveria desmenti-los com a forma oposta de viver . 


Algumas vezes me esquivei e travei o meu mundo , porque acreditava que todos que se aproximavam de mim já ia ter uma opinião formada sobre minha vida. Engraçado, que vida? Era o começo dela ainda, mas eu já estava começando a reter algumas bagagens. Logo cedo entendi, a ausência de um pai, a substituição nada favorável dessa presença. Entre outras muitas coisas que pessoas normais levam uma vida para viver, ou nem vivem.

O mais trágico para aquela pequena sociedade foi eu ter sido mãe aos 16 anos. De fato, não é algo recomendável, no entanto me olhavam como se eu carregasse a marca da prostituição , da loucura, da pena. Falavam como se fosse o caso mais desapontador que pudesse ter acontecido no mundo. Hoje me pego pensando quão grande importância deram a minha vida. Uau! ( risos) E eu achava que era só mais uma no mundo.

Quando os anos foram passando e  eu,  a criança criando, amando e educando, vi  que o sentimento de pena foi se amenizando, pois perceberam que eu era mais forte do que supunham. O mais complicado mesmo, foi passar anos sem amigas. As mães achavam que conversar comigo as fariam engravidar( risos de gargalhada) . Então , proibiam as filhas ditas " certinhas" de conversarem comigo, afinal eu era Maria Madelena antes da conversão né? hahaha

O que de bom aconteceu é que muitas meninas a frente do seu tempo, também consideradas as Marias e Madalenas me acolheram em seus ninhos. Descobri muitas coisas com elas. A malicia real da vida. Conheci coisas que hoje me servem de lição, mas me coloca numa posição avantajada diante das certinhas estrupiadas e enganadas pelos moldes da mini sociedade hipócrita.

Interessante para mim nisso tudo, é saber que, muitas mães das mesmas meninas " certinhas" casaram grávidas delas,  e seus maridos a assumiram por medo ou pena, não são mães solteiras, mas se eu realmente tivesse querido algumas traições comigo teriam acontecido. Seriam mães traídas  Que feio! Comecei a achar .  Carregar máscaras era tudo que ia para sempre rejeitar.

Não queria que me assumissem por pena ou medo, porque eu sempre acreditei que um dia alcançaria as coisas de acordo e na forma que eu construísse . E claro, uma construção leva tempo. Precisei ter fé em mim para dizer não. Não me assuma por essa criança. Não me queira porque algo que não seja o total amor . Isso? Rendeu uma outra longa história. Conto depois.

As poucas amizades que me restaram foram importantes para decifrar o mundo que eu ainda enfrentaria . Por causa da vida de cada uma,  eu fui obrigada a ouvir várias vezes : ''Suellen, me diga com quem tu andas e te direi quem és.''

Esse é um ditado bem correto quando você ao menos sabe um pouco de você mesmo, mas quando não sabe não tem como alguém te dizer quem de fato somos. Eram anos de construção , eram anos em que todos estavam no mesmo barco. Uma diferença nos pautava. A criança que eu carregava. Isso era meu carimbo de perdição, mesmo tendo visto coisas bem mais terríveis neste mundão.

De tudo, o mais chato era dos homens a aproximação, como se pudessem ter o meu corpo e caso eu negasse era motivo de ouvir : " Mas porque eu não?" . Ainda bem que eu soube por intuição que não era obrigada a nada. Mas o homens também foram maus, os rejeitados espalhavam o boato de que comigo tinha tido a pegação.  E que inferno não foi ver os amigos, e amigos de amigos vindo em minha direção. Como se eu fosse uma exposição aberta para um leilão.

Lindo mesmo,  era que por menor que fosse deles comigo a aproximação,  as mulheres muito '' bem amadas" ( risos) já me julgavam em uma traição , pegação, sei lá mais o que com ão 
( risos grandão) . Eu demorei tantos anos para entender que essas e tantas outras histórias foram as que construíram para mim. E vivi como um gatinho molhado me escondendo tentando dizer o contrário, porém fraco demais para fazer rebelião.


Os anos passaram bem rápido e com ele tanta modificação. Cidades maiores, liberdade sem padrão . Cada um vivendo a vontade de seu coração. E percebi que o que vivi era pouco então. Mas não, não era não. Cada um carrega a bagagem que depositam em nós, até que aprendamos a se desfazer do que não foi realmente construído por nós. 

Hoje consigo viver das  minhas construções, não deixo que me rotulem, ou me criem modos e formas. Eu as crio. E sigo bem com a forma,  que encaro a beleza de viver sem máscaras , a beleza de vencer minhas próprias desgraças. Faço o meu plantio e sou totalmente responsável pela colheita. É como se minha mente do tamanho de pequeno grão , crescesse sempre e fosse se  formando  em algo suficientemente grande para me dar direção.

Depois de um texto tão grande, só posso concluir que se eu consegui me auto bular, sabotar os sistemas impostos para mim e não mais viver de opinião, não mais me importar em fazer pensarem melhor de mim. Se consegui como humana falha e fraca não me abalar mais com o sistema da sociedade. Então você consegue também. Claro que, usei a fé como passarela para meu crescimento pessoal. Acreditar e viver em Deus foi a mágica real . Ele me fortaleceu. Mas antes de me fortalecer eu me posicionei. Nem mesmo o Senhor ,  poderia ter me guiado se eu não tivesse no caminho me posicionado. 

Sou daqui pra frente, o que nunca fui no passado.  Sou daqui por diante o que ainda está sendo criado. Sou mais do que vejo. 

Como dizia Fernando Pessoa : ''Porque sou do tamanho que vejo e não do tamanho da minha altura''.

Suellen Maper


Nunca sei minha altura, tenho o tamanho de um sonho, o tamanho da esperança, o tamanho de um sorriso que vem da alma ... Se isso vale a pena? Ahhh tudo vale a pena quando se é quem se quer ser ...Quando me falta coragem invento força, quando meu mundo desaba desenho arco-íris e assim sigo caminhando com fé e alegria no olhar ...Tudo é pouco quando o mundo é meu ...rs ( Andressa Martins Vicentini)




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Unknown
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5 de maio de 2017 às 13:07 delete

Parabéns....Vc venceu...Deus te capacitou...te tornou uma mulher sábia...e se vc nao tivesse passado por aquele deserto...Vc não seria essa Suellen de Hj...Deus abençoe!

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Unknown
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5 de maio de 2017 às 13:08 delete

Parabéns....Vc venceu...Deus te capacitou...te tornou uma mulher sábia...e se vc nao tivesse passado por aquele deserto...Vc não seria essa Suellen de Hj...Deus abençoe!

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Unknown
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5 de maio de 2017 às 13:30 delete

Muito obrigada de coração. Você sempre me apoiando a melhorar.

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